Economia, Economia Criativa, Softskills

A Criatividade como fator econômico

       A criatividade sempre esteve presente nas atividades humanas, sejam elas sociais ou econômicas. As definições conceituais da criatividade são diversas e permeiam percepções distintas sob a ótica de seus autores, dada a complexidade inerente a este fenômeno. Em função das características multifacetadas e pela complexidade das dimensões que permeiam o tema, a Criatividade não dispõe de um conceito linear, mas sim de um conjunto de definições, que ao contrário de serem excludentes se sobrepõe e se complementam (CORREIA, 2004).

close up of human hand
Foto por Pixabay em Pexels.com

 Mesmo sem uma linearidade das definições desenhadas para o termo criatividade, nota-se que há um fio condutor que permeia os diferentes autores no sentido mais amplo. Tendo o interesse de alinhar o entendimento do termo utilizado neste artigo e a compreensão do leitor, passar-se-á a compreender a Criatividade de acordo o conceito descrito por Howkins, que a traduz como a capacidade de se gerar algo novo, ou seja,

a criatividade ocorre independentemente desse processo levar ou não a algum lugar; ela está presente tanto no pensamento quanto na ação. Ela está presente quando sonhamos com o paraíso, ao projetarmos nosso jardim e quando começamos a plantar. Estamos sendo criativos ao escrever algo, não importa se publicamos ou não, ou quando inventamos algo, seja essa invenção usada ou não“. (HOWKINS).

     O entendimento proposto no Creative Economy Report da Organização das Nações Unidas – ONU, por meio da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), indica que a criatividade pode ser manifestada das seguintes formas: a criatividade artística (que inclui a imaginação e a geração de ideias originais e novas); a criatividade científica (que inclui a curiosidade, o desejo de realizar novas experiências e buscar novas formas de resolver problemas); e a criatividade econômica (que inclui as inovações tecnológicas, as práticas de gestão, buscando maior vantagens competitivas) (UNTCAD, 2010, p.03).

     Para que se compreenda o momento em que a criatividade se conecta de maneira mais efusiva ao centro dos processos produtivos, é interessante que se faça uma breve linha histórica da humanidade, em que se percebe que o suor, por meio do trabalho humano, foi o ingrediente fundamental dos processos econômicos na maior parte do tempo. Posteriormente, com o advento da indústria, o capital ganha espaço e importância nas relações produtivas. E chegando aos dias atuais, o talento, a imaginação, o conhecimento, ou seja, a criatividade, passam a ser o ingrediente fundamental nos processos produtivos (NEWBIGIN, 2010).

     A criatividade assume, então, o viés de recurso crucial nos cenários da economia capitalista. E neste sentido, não está restrita aos bens e serviços voltados à cultura, mas expande sua importância para inúmeros outros setores industriais. (MEDEIROS, 2011).

a criatividade é multidimensional e se apresenta de diversas formas que se potencializam. É um erro pensar, como muitos, que ela se limita à criação de inventos espalhafatosos, novos produtos ou novas empresas. Na economia de hoje, a criatividade é generalizada e contínua: estamos sempre revendo e aprimorando cada produto, cada processo e cada atividade imaginável, e integrando-os de novas maneiras“. (FLORIDA)

     Em seus estudos, Reis (2011) incita a Globalização como “a pedra miliar” das discussões que envolvem o papel da Criatividade na economia pós-industrial, sob a égide de duas distintas e congruentes vertentes. Em primeiro lugar, a autora destaca a fragmentação das cadeias produtivas de bens e serviços criativos em escala global e a ampliação do mercado, salientando a distinção com que esta nova configuração do mercado mundial se apresenta para os grandes e pequenos produtores. A segunda vertente diz respeito à mobilidade, à disputa e à recompensa dos recursos criativos no panorama mundial. Ao passo que a globalização se firma pela maior dispersão dos processos de criação e distribuição de bens e serviços criativos, entende-se que a localização geográfica do capital humano passa a ser irrelevante. Tendo como pano de fundo o cenário global altamente competitivo, os ativos transferíveis, como por exemplo o capital financeiro, deixam de ser os mais valiosos, cedendo lugar aos ativos com maior valor agregado e menor possibilidade de cópia, ou seja, aqueles que possibilitam a produção de bens e serviços diferenciados.

    Por certo, a imaginação e os talentos ligados à prática de atividades criativas são inerentes à própria existência humana. Porém, dá-se aqui o destaque ao desenvolvimento da criatividade como insumo principal da geração de bens e serviços que são produzidos e comercializados, tendo a propriedade intelectual como sua base. Em outras palavras, uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida por aqueles que navegam pelo mundo do trabalho do futuro e de hoje!

 

Por: Ana Barcellos

Este texto traz recortes do artigo A ECONOMIA CRIATIVA CATARINENSE:UMA ANÁLISE DO TRABALHO CRIATIVO EM SANTA CATARINA, publicado na Revista de Extensão e Iniciação Científica UNISOCIESC , v. 2, p. 01-20, 2015.

Acesse o artigo completo aqui.

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